Capítulo 4
Luciana Dutra disse: “Não precisa se mudar tão tarde da noite, não pode esperar para descansar e depois se mudar?”
Tamires Martins respondeu: “Não tem problema, não tenho muita coisa. Em um instante
termino a mudança.“–
“Sua família se preocupa muito com você, hein.”
Quando voltou para Belo–Visto, Henrique Lopes não estava em casa.
Ela subiu com sua bagagem, voltando ao quarto onde havia passado apenas um dia, ainda
arrumado como ela havia deixado antes de ir.
Ela estava tensa, com medo de Henrique Lopes voltar a qualquer momento. Enquanto hesitava se deveria descer ou não, ouviu o som da porta se abrindo lá embaixo, causando–lhe calafrios.
Justo quando estava indecisa, alguém bateu na porta do quarto, deixando–a desconfortável.
Henrique Lopes estava parado na porta de seu quarto. Ao entrar e ver os sapatos no hall, entendeu que ela havia voltado. A escuridão sob a porta indicava que ela provavelmente estava dormindo. Ele não bateu, apenas virou–se e desceu as escadas.
Tamires Martins ouviu o som dele descendo, leve, mas estranhamente claro no silêncio da noite, como se o som de uma agulha caindo pudesse ser ampliado várias vezes.
De repente, seu celular iluminou–se com uma nova mensagem no WhatsApp.
Era Henrique Lopes.
Eles sempre tiveram o contato do WhatsApp, mas nunca haviam conversado. Depois que “se tornaram uma família“, ela ajustou as configurações para apenas mensagens.
Henrique Lopes: “Já dormiu?”
Tamires Martins não respondeu, nem sequer abriu a conversa.
Em vez disso, ficou olhando para o avatar dele por um longo tempo. Parecia que ele havia esquecido dessa conta, o avatar era o mesmo de anos atrás, nunca atualizado, e ele nunca postou um Status no WhatsApp.
Dez minutos depois, ele enviou outra mensagem no WhatsApp, provavelmente tentando fazê–la se sentir confortável para ficar.
Henrique Lopes: “Voltei para o quartel.”
Tamires Martins ainda não respondeu. Ela se deitou na cama, passando a noite em claro.
No dia seguinte, Tamires Martins desceu e viu dois sacos na mesa da sala, cheios de lanches e itens de uso diário, claramente não comprados por ela. Só poderiam ter sido comprados por
Capítulo 4
Henrique Lopes.
Ela não tocou neles, apenas saiu para o hospital.
Por vários dias, Tamires Martins não viu Henrique Lopes e não entrou em contato com ele.
Ela estava trabalhando horas extras, sem descanso, e sofrendo de insônia.
Depois do trabalho, Tamires Martins mal tinha energia para subir as escadas em Belo–Visto, deitando–se no sofá. Quando sua amiga Adriana Carneiro ligou, Tamires mal conseguiu responder.
“Ta–tá, o que houve com sua voz? Parece que está meio morta.” Adriana Carneiro percebeu imediatamente que algo estava errado.
“Estou me sentindo mal.” Tamires sentia–se tonta e com a garganta dolorida, totalmente
exausta.
“Tem trabalhado muito esses dias?”
“Um pouco, fiz várias noites em claro. Amanhã vou descansar, depois de dormir um pouco, vai melhorar.”
“Mas sua voz está muito estranha, você não quer ir ao hospital?”
Tamires mal queria se mexer, sabendo que provavelmente era só um resfriado, algo que melhoraria com descanso: “Não precisa, vou melhorar depois de dormir…”
Ela mal conseguia manter os olhos abertos e lentamente os fechou.
“Alô? Tatá?”
Adriana Carneiro chamou várias vezes, mas Tamires não respondeu.
Tamires Martins teve um sonho. Sonhou com o período logo após o divórcio de seus pais, quando seu pai estava ansioso para começar a namorar outra mulher e planejar um novo casamento; enquanto sua mãe, doente e hospitalizada, se tornou histérica, completamente diferente, chamando–a de ingrata, sem coração, inútil.
Tamires Martins acordou sobressaltada e ainda chorando, sua visão estava embaçada pelas lágrimas. De repente, sentiu que alguém estava enxugando suas lágrimas. Seu corpo
estremeceu, a consciência começava a se reorganizar e, aos poucos, ela conseguiu identificar quem estava à sua frente.