Capítulo 7
Ricardo foi direto para o sofá e se sentou, pensando em acender um cigarro.
Mal tirou o cigarro do maço, Sylvia, sem nenhuma cerimônia, avançou, arrancou–o de sua mão e jogou no lixo.
O rosto de Ricardo escureceu: “O que você está fazendo?”
Ele nunca havia sido tratado daquela forma.
Quando estava com Kesia, não importava o que ele quisesse fazer, Kesia nunca dizia uma palavra.
Sylvia então disse: “Eu não suporto o cheiro de cigarro.”
Ricardo ficou sem reação.
Essa mulher…!
Mas tudo bem, ele não iria fumar!
Ricardo engoliu sua raiva, lembrando–se das palavras que o haviam colocado nos trending topics naquela manhã e das inúmeras ligações da velha casa que quase fizeram seu telefone explodir.
“A notícia de hoje foi a Íris quem soltou?”
Ela realmente queria cancelar o casamento? Esse temperamento dela, não está sendo exagerado?
Sylvia não respondeu. Caminhou até a geladeira e pegou um pedaço de bolo.
Ela não se satisfez com o almoço, e ainda passou duas horas com Íris.
Ricardo, vendo–a agir como se ele não existisse, sentiu a raiva fervendo em suas veias.
“O casamento é um assunto entre nós dois. Por que você precisou fazer um escândalo para que toda a cidade soubesse?”
Já era demais ela falar assim com ele, e agora ainda causava um alvoroço na cidade inteira.
Ricardo pensou que talvez não pudesse perdoá–la…
Sylvia respondeu, com o tom gelado: “É só entre nós dois?”
Se fosse apenas entre eles dois, tudo seria mais simples.
Ela lançou–lhe um olhar cortante e completou: “De qualquer forma, se eu não fizesse um escândalo, alguém mais o faria. Então o melhor que eu pude fazer foi tomar a iniciativa.”
Quem ela estava insinuando com “alguém“, Ricardo sabia muito bem.
“Você não deveria sempre pensar tão mal da Kesla…”
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Capítulo 7
Sylvia sorriu, pegou outra colherada de bolo e colocou na boca: “Se ela não fosse ruim, por que vocês estavam tão ansiosos para mandá–la embora há dois anos?”
Ricardo ficou em silêncio.
Mencionar os acontecimentos de dois anos atrás apenas o fazia ficar mais sombrio.
“Naquela época, você pressionou tanto que Kesia teria acabado na prisão se não tivesse ido embora, não é?”
Sylvia deu mais uma colherada de bolo e disse, com a mesma frieza: “Sim.”
O rosto de Ricardo se fechou ainda mais.
Lembrando–se daquela situação, ele não pôde evitar sentir um desprezo crescente por Sylvia.
Era por causa de sua capacidade de arranjar problemas que ela estava na situação atual com a Família Menezes.
Pensando bem, ele ainda não podia realmente cancelar o casamento com ela.
O rosto de Ricardo suavizou um pouco: “A Kesia só está doente. Assim que ela se curasse, ela seria mandada embora.”
Sylvia lhe lançou um olhar frio, sem responder uma palavra.
Ricardo continuou, tentando impor sua visão: “Seus pais não vão deixar você continuar com isso, as coisas só vão ficar mais complicadas para você.”
Ele sabia muito bem os truques que a Família Menezes poderia jogar contra Sylvia.
Sem surpresas, o cartão dela provavelmente já estava bloqueado.
Ricardo olhou novamente para a casa: “O quanto de aluguel foi pago? Quando é o próximo pagamento?”
Ele se lembrava de que Sylvia alugou aquele imóvel quando se mudou da Família Menezes.
O aluguel no Horizonte Azul não era barato. O tipo de apartamento onde Sylvia morava custaria pelo menos dez mil reais por mês.
Ao tocar nesse ponto, Ricardo também estava lembrando Sylvia de que ela não tinha o direito de ser caprichosa.
Sylvia respondeu, sem hesitar: “Você deveria ir embora.”
“Você…”
O rosto de Ricardo ficou ainda mais sombrio.
Enquanto ainda tentava dizer algo, o telefone vibrou. Ao olhar, viu que era Kesia ligando.
Ricardo atendeu, sem dar espaço para Sylvia: “Kesia.”
O que aquilo significava? Naquele casamento, a parte que deveria estender a mão não tinha o
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direito de ser respeitada?
Ele não queria romper com ela, mas ousava atender a ligação de outra mulher na frente dela?
Dessa vez, Sylvia perdeu completamente o controle, e Ricardo também perdeu toda a paciência.
A fachada que ele manteve por dois anos foi imediatamente desfeita.
Não se sabe o que foi dito do outro lado da linha, mas ele já estava de pé: “Não se preocupe, estou indo agora.”
Desligou o telefone e lançou um olhar para Sylvia:
“O que eu acabei de te dizer, pense bem. Não importa o quanto você faça drama, todo mundo vai priorizar a doença da Kesia nesse momento.”
A mensagem estava clara, não adiantaria Sylvia tentar fazer escândalo…
Sylvia ignorou e foi até a entrada, trazendo para dentro as compras que fez com ĺris.
Todas as sacolas eram de marcas famosas.
Ricardo olhou para aquelas sacolas, um pouco atordoado…
“Você ainda tem dinheiro para ir às compras?”
Será que a Família Menezes não havia aplicado nenhum castigo nela?
Toda vez que ela causava algum problema, a Família Menezes cortava seus cartões por dez dias ou até meio mês.
Era um lembrete de que, se ela fosse parte da Família Menezes, seria tratada como uma princesa da família. Caso contrário, ela não valeria nada!
Sylvia lhe lançou um olhar desdenhoso: “Desde quando gastar o meu dinheiro é crime?”
Ricardo ficou sem palavras: “…”
Essa mulher… ela realmente tinha um talento especial para irritar as pessoas.
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