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Capítulo 25
Sylvia respirou fundo, tentando, sem sucesso, se acalmar por alguns segundos.
Seu corpo estava tremendo quando ela finalmente atendeu: “Alô.”
“Senhorita.”
A voz familiar do outro lado da linha fez com que o rosto de Sylvia se fechasse imediatamente. Seus olhos, antes controlados, revelaram uma mistura de emoções que ela não conseguiu esconder.
Com dificuldade, ela conseguiu responder: “Sou eu.”
“O senhor chegará de avião à Cidade Orozco às oito da noite, e ele espera que você esteja pessoalmente no aeroporto para recebê–lo.”
A respiração de Sylvia se tornou abruptamente ofegante.
“Ele… está vindo para Cidade Orozco?”
Ele finalmente a havia encontrado.
Lembrou–se das compras erradas que havia feito ontem, mas não imaginava que ele descobriria tão rapidamente.
A pessoa que a estava ligando era seu assistente, Bryan Guerra!
Apesar da voz educada que usava ao telefone, Bryan era temido em Paris, um homem conhecido pela sua crueldade.
Se até seu assistente podia causar tanto impacto, imaginem o homem no topo de tudo, Jeferson Resende.
O homem que a havia adotado e criado…
Bryan disse: “Sim, e o senhor também disse que é melhor você preparar uma boa explicação, caso contrário…”
O que aconteceria depois, Bryan não completou.
Mas Sylvia sentiu um arrepio percorrer todo o seu corpo.
Ela nem soube como desligou o telefone.
Passou a tarde toda agitada, dispersa até mesmo nas reuniões.
Jeferson…
O homem que a Família Menezes sempre quis conhecer, o homem que a criou.
O homem que governava as sombras de Paris, um verdadeiro rei do submundo.
E também, o seu desafio…
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Capitulo 25
As lembranças do que aconteceu antes de ela deixar Paris, três anos atrás, invadiram sua mente e, sem querer, lágrimas começaram a se formar em seus olhos.
Até que, às seis da tarde, ao sair do escritório, seu telefone começou a vibrar insistentemente.
Sylvia atendeu distraidamente: “Alô,”
“Você me bloqueou mesmo?”
A voz irritada de Glenda veio do outro lado da linha, com um tom quase ameaçador.
Sylvia respondeu, sem paciência: “Quando foi que eu brinquei com você?”
Se havia alguma brincadeira, era entre a Família Menezes e Kesia.
Quanto a ela…
Nunca esteve ao lado deles, mas mesmo assim eram sempre exigentes e constantemente criticando–a por tudo o que fazia. Glenda sempre fora dura com ela.
Ao ouvir o tom frio de Sylvia, Glenda ficou ainda mais enfurecida.
“Você… me diga, Jessica é sua melhor amiga, certo? Foi você que armou para ela sair do país?” Sylvia respondeu: “Mesmo que tenha sido eu, o que isso tem a ver com você?”
Glenda estava a ponto de explodir!
Ela esperava que Sylvia ao menos negasse, mas a verdade é que ela nem tentou esconder
nada.
O que a Família Menezes significava para ela, afinal?
Glenda tinha todo um plano de interrogatório, mas Sylvia simplesmente admitiu, sem rodeios.
“Você está admitindo?”
“O que há de errado em admitir? Dada a situação entre mim e Kesia, não é normal eu aprontar algo?”
Kesia sempre foi falsa, sempre tentando sabotá–la pelas costas.
Isso era considerado algum tipo de habilidade? Se for para fazer algo, que seja às claras!
Glenda, ao ouvir Sylvia falar tão diretamente, ficou tão atordoada que quase desmaiou…
“Você… você…”
“Eu o quê? A Sra. Gomes espera que eu chame Jessica de volta para cuidar da saúde dela?”
A menção ‘Sra. Gomes‘ deixou Glenda atônita por um momento.
Foi então que ela se lembrou de que, desde que Sylvia voltou para a Família Menezes, ela nunca a havia chamado de mãe.
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Capitulo 25
Mas também nunca a chamou de Sra. Gomes…
Naquele momento, aquela única menção a ‘Sra. Gomes‘ foi mais do que Glenda conseguiu
suportar.
Ela não pôde evitar de dizer: “Eu sou sua mãe.”
Sylvia respondeu: “A Sra. Menezes quer discutir um tópico sem sentido comigo ao telefone?”
Se não era Sra. Gomes, era… Sra. Menezes.
E ainda dizendo, que era um tópico sem sentido?
Ao ouvir isso, Glenda sentiu um peso no peito, como se o ar tivesse sido retirado de seus pulmões. Era uma sensação opressiva, dolorosa.
Ela tentou respirar fundo várias vezes antes de falar: “Traga a Dra. Duarte de volta, e eu liberarei o cartão para você.”
Era uma concessão, talvez até uma rendição.
Então ela só liberaria o cartão para que Jessica voltasse e cuidasse de Kesia. No fundo, tudo estava sendo feito por Kesia.
Sylvia deu uma risada suave: “Vinte mil reais por mês de mesada… Você acha que isso vai salvar a vida de Kesia?”
Era realmente irônico.
A família Menezes poderia comprar uma joia para Kesia por mais de cem mil reais sem pensar duas vezes. E a mesada de Kesia era, no mínimo, de centenas de milhares.
Em comparação, quando ela voltou para a família Menezes, eles inicialmente davam a ela cem mil por mês.
Depois, Kesia disse algo como “É fácil passar da simplicidade ao luxo, mas o contrário é bem mais difícil.”
Por causa dessa frase, Glenda decidiu que, antes dela aprender a gastar dinheiro, ela receberia cinquenta mil por mês.
Devido a uma simples frase da filha adotiva, o valor foi cortado pela metade!
Mesmo com cinquenta mil, Kesia não ficou satisfeita. Depois, ela disse algo como “Sylvia tem muita vida social, por isso não deve ter onde gastar tanto dinheiro.”
Glenda insistiu: “Temos tudo em casa, você e Kesia são diferentes. Você não precisa sair com essas damas ricas, não vai gastar tanto dinheiro.”
Pronto. Com isso, cinquenta mil viraram vinte mil.
E agora, por causa dessa filha adotiva, Kesia, tudo foi cortado…
Mas, eles realmente achavam que ela, Sylvia, dava importância?
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Capítulo 25
Nesse momento, suas palavras fizeram Glenda ficar tão furiosa que quase teve um ataque cardíaco: “Você… você é simplesmente demais.”
Ela confirmou novamente: isso não era uma filha, era uma nêmesis, uma que voltou para cobrar dívidas.
Glenda se arrependeu, mais uma vez, de ter trazido Sylvia de volta.
“Então, o que você quer? Decida as condições!”
Glenda sentiu que estava fazendo a maior concessão possível.
No entanto, a resposta que ela recebeu ao telefone foi o som de “tu tu” da chamada sendo encerrada, e quando tentou ligar novamente, o número já estava bloqueado.
Ela sentiu que iria morrer de raiva. Especialmente agora, sentindo como se mal pudesse
respirar.
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